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22 A 25 DE OUTUBRO DE 2025

Paisagem de Dentro.

Guimarães Rosa escreveu, em Grande Sertão: Veredas (1956), que “o sertão é dentro da gente”. Agnès Varda, por sua vez, enquanto caminha entre espelhos dispostos sobre a areia, no filme As Praias de Agnès (2008), afirma: “se abríssemos as pessoas, encontraríamos paisagens”. Em comum, ambos ultrapassam o visível para explorar o relevo do mundo interior — um território onde a memória ressoa e molda a paisagem. A partir desse desejo de investigação, o Festival Qxas convida fotógrafos e artistas visuais a participarem da convocatória Paisagens de Dentro, exposição coletiva que acontecerá em Quixadá durante a programação do evento em 2025. 

Partimos da ideia de que a paisagem é tanto o que se vê quanto aquilo que nos forma: é meio e matéria, superfície e profundidade. Mais do que um dado natural, a paisagem é uma construção simbólica, sensível e histórica — uma inscrição viva de memórias, afetos e temporalidades. Nesse contexto, na exposição coletiva Paisagens de Dentro buscamos obras que não apenas representem o espaço visível, mas que testemunhem experiências vividas ou imaginadas, e que toquem aquilo que ainda pulsa sob os territórios.

A convocatória propõe olhar o mundo de dentro — como quem escava sentidos em paisagens reais e simbólicas, nos objetos de uso cotidiano, nos arquivos familiares e domésticos, nos espaços em ruína ou transformação, nas tradições locais e nas narrativas orais, nas festividades populares e suas coreografias. Buscamos fotografias que toquem o íntimo e ressoem em silêncio, evocando aquilo que não pode — ou não deve — ser esquecido.

Em Paisagens de Dentro, as imagens não são apenas cenários, mas camadas de tempo atravessadas por apropriações, deslocamentos, interferências e fabulações. A exposição é, portanto, um convite a pensar o visível através do sensível — a olhar não apenas para o que se apresenta diante dos olhos, mas também para aquilo que vibra por trás das aparências. A partir de práticas artísticas e documentais, da materialidade das imagens e da intimidade dos arquivos, buscamos fotografias e obras híbridas que atuem como vestígios, camadas e inscrições de territórios vivos — inventados, vividos ou sonhados.

Curadores

Fernanda Siebra
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Fernanda Siebra

Fernanda Siebra é fotógrafa, pesquisadora e jornalista. Acende palitos, investiga cascas e maneiras de contar o tempo. Pesquisa as origens do fotojornalismo brasileiro a partir de imagens da Seca no Ceará no século XIX. Atualmente é fotógrafa do Instituto Mirante de Cultura e Arte. Foi fotógrafa e editora do Núcleo de Audiovisual do Sistema Verde Mares. Foi curadora da exposição “Onde guardaremos este instante de alegria?”, no Fotofestival Solar 2024. Participou do 72° e 75° Salão de Abril (2021/2024), do Festival Solar (2018/2022), do Maré Foto Festival (2020) e do Festival Efêmero (2021/2023). Compõe o Painel da Fotografia Cearense Contemporânea e o Projeto Maracatu Rito e Ritual (2020/2021).

Michelle Maciel
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Michelle Maciel

Gestora Executiva na Casa de Saberes Cego Aderaldo, especialista em Gestão Cultural, Associada a Apan (Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro), Realizadora, Produtora Audiovisual, cineclubista, experiência em coordenação de festivais de cinema, assistência de direção e produções audiovisuais, já coordenou a Escola de Cinema do Sertão, integrou o projeto de extensão NAVI (Núcleo de Pesquisa e Experimentos audiovisuais do IFCE). Coordenou Cineclube “Comer com os Olhos”, integrante do Cinema Instantâneo, diretora do filme Umbilical (em finalização).

Rafael Vilarouca
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Rafael Vilarouca

Nascido em Icó (CE), o artista visual e fotógrafo vive em Juazeiro do Norte (CE), atuando atualmente sobretudo com cinema. É graduado em Artes Visuais e Direito pela Universidade Regional do Cariri (URCA), mestre e doutorando em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Participou do Laboratório de Criação do Porto Iracema das Artes (2016), da residência “O Álbum é a Obra” (2021), promovida pelo Instituto da Fotografia do Ceará (Ifoto), e da Residência Artística e Pesquisa (2023), idealizada pelo Sobrado Dr. José Lourenço (Fortaleza-CE). Foi premiado no 66º Salão de Abril (2015). Entre 2009 e 2014, integrou o Coletivo Café com Gelo, realizando diversas ações e exposições dentro e fora do Cariri. Realizou mostras individuais como Babel (Casa Fiat de Cultura), “Quando o passado for presente lembra-se de mim no futuro” (V QXAS – Festival de Fotografia do Sertão Central, SESC Juazeiro do Norte, MAC-CE, Vila da Música por meio do programa Temporada de Arte Cearense, SESC Palmas-TO), Desindústria (MAC-CE, SESC Crato, CCSP, CCBNB Cariri) e Corpo Santo (Sobrado José Lourenço, ONG Beatos, SESC Juazeiro), entre outras participações e exposições coletivas.